sábado, 26 de junho de 2010

ETCD- AÇÕES TÁTICAS E ESTRATÉGICAS FICAM NA POLISTORIA

Lamentável, voltar estaca zero,
Mas, servirá como aprendizado!
Transporte Coletivo de Diadema
Em Diadema o transporte coletivo era precário. Em função do lucro, a empresa mantinha a demanda bem acima da oferta, reduzindo os ônibus e superlotando os veículos de circulação.
Com a frota reduzida, os ônibus na garagem não teriam custos, aumentando o lucro abusivo e sendo que existia uma única empresa em Diadema. (Viação Diadema). A população cansada passou a se mobilizar pelo fim da exclusividade da empresa.
Anos passaram se de reivindicações e discussões, surgindo uma empresa concorrente, ( Viação Imigrantes). A população entedia que tinha conquistado um transporte mais digno. Mas o transporte continuou de péssima qualidade, não melhorando em nada. Sendo que a concorrente, só tinha (quatro) ônibus de péssima qualidade, velhos e sucateados.
Logo foi descoberto, que o dono da Viação Imigrantes era o mesmo da Viação Diadema. O povo ficou indignado e desacreditando ainda mais no sistema de transporte do Município.
Em 1980, também época de desemprego e baixos salários, fez a demanda no transporte cair, assim sobrando ônibus na garagem e para compensar , praticavam aumentos abusivos nas tarifas, salvando os altos lucros do empresário.
Foi o inicio de grandes mobilizações dos usuários do transporte e trabalhadores rodoviários. Iniciando uma revolta com quebra – quebra dos ônibus. Porque, além das tarifas abusivas, reduziam ainda mais os ônibus em circulação. A garagem ficava lotada de ônibus parados e a população sendo transportada igual sardinha em lata.
Os trabalhadores rodoviários lutavam contra o trabalho escravo, eram obrigados a fazer jornadas de 12 á 16 horas de trabalho, Na maioria sem registro em carteira e as horas extras por fora como normal, uma miséria de salário, sem direito as férias e etc..:
Assim explode as mobilizações populares e sindicais, forçando os poderes públicos discutir projeto de transporte coletivo para o município.
O povo se organizou com manifestações, reuniões nos bairros e da mesma forma os trabalhadores do transporte se mobilizaram por melhores condições de trabalho, salários e reduções das jornadas de trabalho e por mais emprego. Uniram se com os movimentos populares, por uma tarifa social e um transporte digno. Juntos passaram a se organizarem: Movimentos Populares, Sindicatos e Associações de bairros.
Todos com entendimento da luta pela estatização do transporte coletivo de Diadema. As discussões ficaram em torno de um projeto avançadíssimo, até mais que a falecida Companhia Municipal de Transporte Coletivo de São Paulo –CMTC.
A formação de uma Empresa de Transporte Coletivo de Diadema. Com amplas discussões e debates Populares e Sindicais. Foi formado um estatuto com um Conselho popular e Deliberativo, eleito pela população, funcionários, câmara municipal e prefeitura. O presidente indicado pelo prefeito, com avaliação do conselho. ( Conselho sem renumeração). Em seguida um projeto para compra de 40 ( quarenta ônibus novos) e um capital de giro.
Enquanto isso os movimentos unificados população e funcionários reivindicavam a intervenção negra na V. Imigrantes e V. Diadema, no qual ameaçavam retirar os ônibus de circulação se o projeto fosse aprovado.
O prefeito se precipitou e decidiu a intervenção branca, usando o capital de giro aprovado para compra de 56 ônibus velhos e sucateados da V. Imigrantes e Diadema.
Assim foi iniciada a ETCD – Empresa de Transporte Coletivo de Diadema, de forma distorcida, erronia e divergente. Sendo que a intervenção foi sem uma discussão ampla com a população, quais reivindicavam a intervenção negra e não a branca.
Os movimentos populares, tinham o entendimento de que a construção de uma empresa com controle popular e dos trabalhadores, quem tinha que decidir era o povo e não o prefeito.
A prefeitura comprou os ônibus e não tinha garagem, ferramentas para manutenção, abastecimento e infra estrutura administrativa. O caixa zero sem peças de reposições e capital de giro para o início da operação. A população recebeu uma empresa praticamente falida, mas a luta por um transporte digno, salários justos com redução da jornada continuaram.
Os conselheiros eleitos, população e funcionários mobilizados, exigiram a compra de 30 ( trinta ônibus novos). Foram momentos de muitas dificuldades e foram sendo superadas e a população começou a perceber uma grande melhoria e os benefícios que trazia uma empresa estatal; Tarifa social, metade do valor de São Paulo – capital; Passe desemprego, passe idoso aposentado; Linhas de ônibus que chegaram até as periferias, mesmo sem malhas de asfalto, água e saneamento básico. Os funcionários conquistaram o maior salário da categoria no Brasil; Refeições, Redução da Jornada de trabalho, sem a redução do salário, de 08 h. Para 06:40 h.
Mas a Viação Diadema e Imigrantes Continuavam monopolizando o transporte intermunicipal e desrespeitando a população, com altas tarifas e péssimas condições de transporte. A população ainda organizada começou a exigir providencias do governo estadual, sendo mais uma batalha difícil, porque envolvia outros municípios e necessitou levar as discussões e organizações alem das divisas.
O governo estadual foi obrigado a discutir a situação do transporte no Grande ABCD. Aonde surgiu o projeto dos corredores de trólebus na região.
Os empresários lutaram contra a construção dos corredores, porque eles perderiam a exclusividade, sendo que a população e os trabalhadores exigiram um corredor de transporte coletivo intermunicipal estatal e elétrico.
Os empresários do ABCD relutaram com manifestação contrária, tentando jogar opinião pública contrario ao projeto. Mais uma vez não respeitaram as decisões do povo, deixando o estado como gerenciador e a exploração para iniciativa privada.
O povo de diadema continuou mobilizado e exigiram o sistema de baldeação nos terminais pagando uma única tarifa. Com muita luta conseguiram a primeira e a única ciodade com tarifa única na Grande São Paulo e o fim da exclusividade dos empresários de transporte.
Assim os usuários de transporte de Diadema obtinham o menor custo de tarifa do estado de São Paulo.
Mas do outro lado a ETCD já tinha uma tarifa social, passes gratuitos e outros benefícios, teve sua receita reduzida pela metade. Porque, quando a implantação do sistema de baldeação( integração), os usuários passaram a pagarem só a ida para a ETCD e a volta para EMTU. Mesmo assim a empresa continuava em pé, graças as organizações dos funcionários e população.
Com a implantação da tarifa única, deixou a empresa sem dinheiro para efetuar pagamentos de salários. As negociações entre as partes: Sindicato, Conselho Deliberativo e diretoria da ETCD.
Os funcionários construíram uma comissão de negociação concordando em receber seus salários em atrasos parcelados, colaborando em aumentar os números de viagens, assim aumentando a receita.
Nos bairros a população sempre organizada com reuniões de conscientizações lutando e cobrando providências dos poderes públicos para melhoria do transporte.
Época que a ETCD foi considerada a empresa de transporte mais produtiva e que mais serviu o social no Brasil. Uma empresa que não visava lucro, não enchia os bolsos dos patrões e toda a
receita era revertida para o patrimônio público e social, aumentando a oferta e diminuindo a demanda.
Várias vezes tentaram privatizar a ETCD, mas a população não permitiu com mobilizações a favor da estatal.
Com a implantação da integração ( tarifa única, aumentou o número de linhas, fazendo os ônibus chegarem em toda periferia de Diadema.
AETCD não obtinha o número suficiente de ônibus, decidindo permitir que outras empresas: Viação Alpina e Viação Riacho Grande explorasse a região norte do município, amplamente discutido e aprovado pelo Conselho Deliberativo, Comissão de funcionários, Sindicatos e Empresários. Assim dando a permissão para explorar, sendo que a concessão continuava da ETCD, na compra de ônibus, voltaria a operação para estatal.
Para privatizar, continuaram e partiram para outras estratégias, tentando transformar a ETCD em gerenciadora e entregar a concessão para as permissionárias, mas não conseguiram porque a estatal apresentou bons resultados. Assim foram várias tentativas de privatizações, até que mudaram de tática, iniciaram um trabalho de convencimento, também não conseguiram. Porque a população e os trabalhadores não aceitavam a privatização.
Começaram a implementar a ideologia de modernização, no qual sempre favoreceu os lucros dos empresários. A direção da Estatal, conselho, comissão de funcionários e poderes públicos, começaram aceitar a idéia de transformar a ETCD em gerenciadora.
Com a desculpa de modernização, a prefeitura encaminhou um projeto transformando a secretária de obras em órgão gestor do transporte coletivo. Transformando a ETCD em um departamento da secretária de obras, assim ficou fácil entregar a concessão para as empresas privadas explorar.
Porque Transferiram a gestão para a secretária de obras?
Porque a ETCD obtinha um conselho deliberativo, comissões de trabalhadores, CIPA e sindicatos fortes. Se mantivesse a ETCD como órgão gestor, seriam fiscalizadas estas forças e não conseguiriam as terceirizações dos serviços entregando as concessões das linhas, não poderiam sucatar os ônibus da ETCD e alocar veículos da mesma que entregariam a concessão.
A ETCD é um simples departamento regulador do transporte coletivo, Assim o Conselho Deliberativo deixou de existir para o Transporte Coletivo de Diadema e sim somente um conselho de um departamento Regulador do transporte.
Com isso ganharam forças para constituírem a Secretária de Transporte.
É lamentável! Depois de anos de lutas e conquistas, tudo voltou a estaca zero. As concessionárias já achataram salários, estão reduzindo a oferta e aumentando a demanda.
Agora o essencial não será mais pelo social? !
Porque tudo agora será pelo lucro? !
O sistema capitalista consegue enganar enquanto a oferta é nova, bonita e moderna, Mas breve a máscara cairá e o povo verá e sentirá efeitos nos aumentos de tarifas, os benefícios sociais sendo reduzidos ou até eliminados, a oferta de ônibus se reduzirá e tudo pelo lucro dos empresários.
Acredito que, nesses 30 anos de luta no setor de transporte coletivo sirva como um aprendizado. Em todos esses anos percebemos a importância de uma sociedade organizada conseguindo avanços extraordinários.
A partir que a sociedade deixou de ser organizada e reivindicatória caímos em retrocesso.
Só conseguiremos construir políticas populares e operárias, através das mobilizações e organizações operárias permanente e mundial. A ETCD fica na história de luta que deu certo durante as ações táticas e estratégicas popular.
Sotero do C. Brasil

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